Em um esforço contínuo para promover a integração entre ensino e extensão no ambiente acadêmico, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) avança na implementação da curricularização da extensão nos cursos de graduação. Esse processo envolve a obrigatoriedade de que 10% da carga horária curricular de todos os cursos da Instituição seja destinada à realização de atividades ligadas à extensão, com o objetivo de aproximar a Universidade das necessidades da sociedade e promover transformações sociais. A implementação da curricularização traz desafios e debates, não apenas na UFOP, mas também em todo o cenário educacional nacional.
A pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura da UFOP, Vanderlice Sol, destaca a importância da curricularização como algo que transcende a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) e envolve toda a Instituição: "O protagonismo começa nos cursos, nos colegiados e nos Núcleos Docentes Estruturantes (NDE), que são responsáveis por propor as inserções curriculares". Ela ressalta ainda a necessidade de diálogo e entendimento mútuo entre todos os envolvidos para que essa transformação seja efetivada, tendo em vista tratar-se de um processo intersetorial.
A UFOP tem se esforçado para alcançar a meta de implementar as propostas de curricularização da extensão de todos os cursos. Até o momento, cerca de 50% dos cursos já apresentaram propostas. "Atualmente, a nossa Instituição está na média das outras instituições federais, que implementaram entre 50% e 60% da curricularização", afirma Vanderlice.
"Nosso objetivo a médio e longo prazo é que tenhamos uma ampliação ou uma colocação da extensão como formativa, ou seja, que faça parte da formação do estudante um conhecimento que só vem através da extensão. Além de desmistificar a igualdade semântica entre a extensão e a pesquisa: nesta última, você vai fazer um trabalho de campo, já na extensão, você vai realizar uma imersão em campo", ressalta a pró-reitora da Proex, Sandra Nogueira.
O aumento significativo das ações de extensão registradas na Proex reflete o impacto positivo desse movimento. Até o momento, foram recebidos 23 Projetos Pedagógicos de Curso (PPC), sendo 2 aprovados em 2022 e os outros 21 encaminhados à Comissão Permanente de Curricularização (CPC) para avaliação. Destes, 10 já foram encaminhados ao Conselho Superior de Graduação (Congrad) e o restante está em relatorias para análise. "A Proex está comprometida em apoiar essa jornada, oferecendo orientações e acompanhando a implementação das propostas", afirmam as pró-reitoras.
A EXTENSÃO ATRAVÉS DOS ANOS – Vanderlice apresenta um resumo do percurso histórico da extensão nas Instituições de Educação Superior brasileiras. A curricularização da extensão é um movimento que tem raízes profundas nas discussões acadêmicas e nas leis que regem o sistema de ensino superior no Brasil. Desde o I Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras, em 1987, a definição da extensão nas universidades já vinha sendo debatida, embora com um caráter assistencialista. Foi por meio da promulgação da Constituição Federal em 1988 que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão foi institucionalizada, estabelecendo as bases para a transformação que as universidades atualmente vivenciam.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9.394/96) e o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 também desempenharam papéis fundamentais nesse processo. A LDB reforçou o princípio da indissociabilidade, enquanto o PNE estabeleceu a meta 12, que determina a inclusão de 10% do total dos créditos curriculares exigidos para graduação em programas e projetos de extensão.
Em consonância com essas diretrizes, foi desenvolvido o Guia de Curricularização da Extensão da UFOP — aprovado pela Resolução Cepe nº 7.609/2018 —, que fundamenta e orienta a atuação da Proex nesse processo.