Um grupo de leitores se reúne em algum canto de Mariana, no último domingo de cada mês. Sentados em círculo, abrem seus livros e iniciam uma conversa. Neste ano, o tema escolhido é vozes e culturas na literatura. Um por vez, cada participante compartilha suas impressões, enquanto os outros ouvem atentamente. O livro deste mês foi "O Peso do Pássaro Morto", de Aline Bei. No próximo, um novo título trará novas histórias e debates.
O Tertúlia Literária Marianense é um projeto de extensão coordenado pela professora do Departamento de Letras (Delet) Iva Bernardino Soares e compõe o programa "Literatura e História em rede: divulgação científica na região dos Inconfidentes", coordenado pela professora Mônica Gama, também do Delet. O projeto promove encontros mensais abertos a toda a comunidade local. Por meio da leitura, oferece um espaço de reflexão sobre as obras e um diálogo sobre as experiências individuais dos participantes.
Com a convicção de que ler é um direito de todos e que essa prática não deveria ser restrita, Iva propôs uma ação que abrangesse a população marianense. "Queríamos ampliar esse poder da ficção e da arte da palavra para além dos muros da academia", destaca. Os encontros mantêm o objetivo de formar uma comunidade de leitores que compartilhem suas interpretações, valorizando as diferentes vivências. Iva comenta também que é muito comum os participantes trazerem identificações com suas próprias histórias, contando momentos marcantes de suas vidas: "isso é muito bacana, porque atribui sentido para essa leitura, não é uma leitura de obrigação, é uma leitura livre".
É por meio da coletividade que o projeto se mantém, com foco nas trocas com o outro, seja esse outro humano ou literário. As rodas de leitura buscam abrir espaço para a conversa, fazendo com que o livro seja incorporado pelos participantes. "É o olhar do outro que ajuda a contornar o sentido que ele deu ou não deu para a obra", explica a coordenadora.
Segundo Iva, por meio da leitura de contos, romances, poesias e outros gêneros, é possível acessar pessoas, lugares, contextos históricos e políticos, interações humanas, personalidades, emoções e reflexões que, talvez, na vida real não seria possível experimentar. Ela ressalta que a literatura nos permite "vestir a pele de pessoas muito diferentes de nós mesmos, e isso pode ampliar nossa humanidade".