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O feminino no Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas é tema de pesquisa

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Ana Audebert
Com: 
Catharina Waichert - Estagiária

Produzido pela ex-aluna de graduação Larissa Gonçalves Venâncio, do Departamento de Museologia da Escola de Direito, Turismo e Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o trabalho analisou a representação das mulheres na ciência e como os museus de ciência tratam a figura feminina. Com isso, a análise teve como foco a representação da figura feminina no Museu pertencente à Escola de Minas da Universidade. 

A Escola de Minas foi fundada em 1876 e funcionava no centro histórico de Ouro Preto, abrigando os cursos de Engenharias, que até as décadas de 1960 e 1970 eram predominantemente constituídos de estudantes homens. Naquela época, o acesso à universidade não era negado às mulheres, porém a permanência delas dentro das instituições e dos cursos de engenharias era árdua e o incentivo ao ingresso era desencorajado. 

Com a mudança dos cursos para o Campus Morro do Cruzeiro, o antigo prédio tornou-se um museu, entretanto ainda abriga laboratórios de conservação, setor administrativo e algumas aulas de cursos de graduação e pós-graduação. 

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Ana Audebert
Equipamentos científicos na sala de química

A QUÍMICA NO MUSEU - Como estudo de caso, Larissa investigou a sala de exposição de química do museu. Em um primeiro momento, a pesquisa traçou a trajetória feminina na ciência à luz de grande autoras, como Simone de Beauvoir, Judith Butler e Michelle Perrot, elaborando um panorama geral sobre o feminismo para perceber os processos de dominação masculina a partir da análise da “condição feminina”. 

Após esse panorama geral, a estudante observou a sala de exposição do Museu da Escola de Minas. O espaço mostra os acervos que contam a história da química. Um dos destaques da pesquisa nesse aspecto evidencia as mulheres que ganharam o Prêmio Nobel de Química. O prêmio é destinado aos pesquisadores e pesquisadoras desde 1901. Entretanto, até o ano da pesquisa, de 178 cientistas apenas quatro mulheres haviam sido agraciadas. 

Após a pesquisa ser concluída, coincidentemente outra mulher foi contemplada com o Prêmio Nobel da Química em 2018: a engenheira norte-americana Francis Arnold, pela pesquisa sobre o desenvolvimento de enzimas atuando no processo de produção de biocombustíveis e também de produtos farmacêuticos. 

COADJUVANTES - A pesquisadora destaca ainda que as instituições museais criaram um processo de seleção que promoveu a exclusão das mulheres ao longo da história da química a partir de intenções políticas, de poder e de hierarquização. Para Larissa, dessa forma, as mulheres acabam sendo vistas como coadjuvantes na história oficial. “A ciência moderna é fruto de centenas de anos de exclusão da mulher. Elas eram tratadas de forma diferente, justamente por serem mulheres; por isso percebemos a representação feminina apenas na vida privada” explica. 

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Arquivo pessoal
Larissa Gonçalves com a orientadora Ana Cristina Audebert
Atualmente, diante de muita luta houve conquistas, pois há uma maior participação da mulher em muitos espaços, principalmente na sala de aula e ocupando espaços na ciência, diferentemente das décadas anteriores. “Uma das formas de enxergar um futuro com maior representação feminina na ciência e nas universidades são as possibilidades de mediação e ações educativas”, avalia Larissa. 

A pesquisa da estudante trata-se de um trabalho de conclusão de curso apresentado no ano passado, que resultou na produção de um artigo em parceria com a orientadora, professora Ana Cristina Audebert, do Departamento de Museologia. O artigo foi apresentado no Seminário brasileiro de Museologia (Sebramus) em julho de 2019, na Universidade de Brasília.

Atualmente a exposição no setor de química do Museu da Escola de Minas encontra-se fechado por falta de recursos.

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