
Criado por Clara Lamacié em ter, 15/04/2025 - 13:18 | Editado por Lígia Souza há 5 dias.
Tabajara Belo, professor do Departamento de Música da UFOP, teve seu trabalho reconhecido, documentado e exibido no Cine Vila Rica na última sexta-feira. Intitulado "Texturas do Pinho: Dez Estudos e Outros Temas", o filme explora a pesquisa de doutorado do violonista, realizada na Universidade da Flórida, em 2021, e ganhadora do prêmio Outstanding Merit. "Pinho" foi a metáfora encontrada por ele para representar o violão como a madeira que vibra e produz uma infinidade de sons.
A utilização do recurso audiovisual, segundo Tabajara, foi a forma encontrada para traduzir sua pesquisa a um público mais amplo, para além dos ciclos musicais. "A iniciativa de exibir o filme tem esse caráter", afirmou o professor, acrescentando que, "quando o pessoal acessa esse material em uma situação de mais escuta e atenção, como num cinema, dá mais vontade de tocar." Para ele, é difícil separar os desdobramentos artísticos, acadêmicos e didáticos proporcionados pelo filme, "pois estão profundamente interligados".
DEPOIMENTOS - Gravada em parte na Casa da Ópera, a obra apresenta Tabajara interpretando dez de suas peças para violão envolvidas na pesquisa de doutorado que fez nos Estados Unidos. Entre uma música e outra, importantes nomes da cena musical brasileira, como Déia Trancoso, Juarez Moreira e o Trio Amaranto, comentam a obra do professor.
Esses depoimentos, também intercalados com a leitura de poemas, além de enriquecer a narrativa do documentário, permitem que o público compreenda questões como a "textura do som", auxiliando na tradução das técnicas relacionadas à combinação de vozes, melodias, harmonias e timbres.Trata-se de uma abordagem sensível, aplicada ao universo do improviso, conforme testemunhado e destacado em alguns depoimentos, pois desloca o sentido do tato para a audição, revelando a maneira como os diferentes elementos sonoros se combinam e interagem.
Após a exibição, o poeta e compositor Makely Ka conduziu um bate-papo com o público presente. Em tom descontraído, afirmou: "Na verdade, esse tipo de documentário a gente costuma ver quando o cara já está morto. O Tabajara se antecipou e fez isso em vida. A gente fica esperando o que vai ter daqui pra frente, porque, além de todo o talento como violonista, agora ele está no cinema."