Criado por Rayan Martin em seg, 31/07/2023 - 09:38 | Editado por Lígia Souza há 1 ano.
A estudante do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada (PPEA) da UFOP Maria Luíza Canêdo Domingos Ferreira defendeu dissertação de mestrado em que investigou a persistência inflacionária em diferentes níveis de renda. O trabalho aborda os mecanismos econômicos que fazem com que a permanência da inflação ocorra com maior regularidade nas classes mais baixas e com menor impregnância entre os mais ricos.
Por meio dos dados coletados entre julho de 2006 e julho de 2021, referentes aos índices de preços de cada faixa de renda, foi possível perceber que os impactos negativos persistiram por mais tempo em classes de menor renda. Para essa análise, foi utilizado um método de regressão quantílica, que possibilita obter informações da variável de interesse em diversos níveis de distribuição, tornando o trabalho mais completo e informativo.
Foi possível perceber também a heterogeneidade inflacionária do país e a maneira como a inflação se comporta nos diferentes níveis de renda. Neste sentido, os aumentos nos preços tendem a comprometer as famílias com rendas mais baixas, com baixa flexibilidade de orçamento, uma vez que afetam o consumo de alimentos e bens básicos.
Já nas classes com renda mais alta, cujo gasto maior se dá com transporte, passagens de avião e combustível, o impacto é mais associado ao bem-estar, de modo geral, pois essas classes não deixam de consumir bens básicos diante das altas inflacionárias.
Os resultados mostraram ainda que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não reflete a inflação que grande parte da população vivencia. Segundo Maria Luíza, "esses resultados são importantes para formuladores de políticas, pois permitem compreender os efeitos heterogêneos da inflação nas faixas de renda e auxiliam na busca por estratégias socialmente desejáveis".