Criado por Adrienne Pedrosa em sex, 07/02/2020 - 12:13 | Editado por Rondon Marques há 4 anos.
Graduado no curso de História da UFOP em 2003, Moacir Rodrigo de Castro Maia venceu o prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa com a tese "De reino traficante a povo traficado: a diáspora dos courás do Golfo do Benim para Minas Gerais, América Portuguesa (1715-1760)". A tese foi desenvolvida durante o doutorado no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O historiador relata a importância da UFOP para a conquista do prêmio. "O Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) tem, há mais de quatro décadas, formado educadores e cientistas que atuam em várias partes do país, inclusive na região dos Inconfidentes. Além disso, o curso de História tem produzido estudos históricos originais, além de valorizar o precioso acervo arquivístico de Mariana e Ouro Preto. O ICHS abriga, preserva e promove o importantíssimo acervo da primeira câmara fundada em Minas Gerais, o Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana. Foi na UFOP que me formei professor e iniciei minha trajetória como pesquisador. Espero que a sociedade continue a apoiar este centro de formação. Temos que defender a universidade pública e que ela se democratize ainda mais."
Em sua pesquisa de doutorado, Moacir analisa como os africanos e africanas que se declaravam Courás enfrentaram a diáspora da África até a chegada em Ouro Preto, Mariana e outras partes de Minas Gerais nas primeiras décadas de exploração do ouro. Segundo o historiador, o termo Courá é a "tradução do nome para o português de um povo que habitava o litoral do Golfo do Benim e que viveu acontecimentos dramáticos e surpreendentes na África e ao chegarem em Minas Gerais". Esses indivíduos lutaram para reconstruir suas vidas em meio à violência da escravidão. Criaram redes de proteção, dependência e solidariedade com outros courás em terras mineiras. Defendiam um passado comum compartilhado, um passado africano.
Atualmente, Moacir coordena o projeto de preservação e universalização de fontes da Diáspora Africana em Minas Gerais para o Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica (NPHED) do Cedeplar/UFMG e para o Slave Societies Digital Archive da Vanderbilt University. Segundo o pesquisador, "é minha contribuição para estimular outros cientistas a produzir novas pesquisas, para que se possa conhecer mais da vida de africanos e seus descendentes que construíram o Brasil".
O anúncio do prêmio aconteceu em dezembro de 2019 e a pesquisa ficou em primeiro lugar dentre 25 trabalhos de todo o país.
Confira a
publicação com mais informações sobre o prêmio e sobre a trajetória do pesquisador.