Criado por Tiago Maia em ter, 15/08/2023 - 10:07 | Editado por Lígia Souza há 1 ano.
A pesquisa, fruto da tese de doutorado de Grazielle Rocha dos Santos no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (Proamb), avaliou a qualidade da água no Rio Gualaxo do Norte, afetado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. O estudo se iniciou logo após o crime ambiental, levando em consideração que o afluente do Rio Doce foi o primeiro a receber a avalanche de rejeitos de minério de ferro. Grazielle foi orientada pelos professores Gilmare Antônia da Silva e Aníbal da Fonseca Santiago.
Por meio de inteligência artificial, foi desenvolvido um modelo matemático que fornece informações sobre a recuperação do Rio Gualaxo do Norte. O protótipo tem um índice de 92% de acerto e foi utilizado em diferentes pontos do rio e épocas do ano. O desenvolvimento do modelo iniciou-se em 2016 com as campanhas de monitoramento e chegou à fase de testes em 2020 e 2021.
A pesquisa utilizou como parâmetro de comparação partes do rio afetadas e não afetadas pelo rompimento, por meio de variáveis de qualidade da água. O modelo obteve como fatores significativos: turbidez, condutividade, alcalinidade e cloreto. As amostras utilizadas em teste foram coletadas na região contaminada, e o resultado encontrado apontou que as coletas realizadas no período seco não apresentam características de ambiente afetado pelo rompimento. Já os registros no período chuvoso apontam aspectos de contaminação, influenciados principalmente pelos elevados valores de turbidez, indicando que as ações de recuperação devem ser contínuas.
Grazielle, discente responsável pelo projeto de pesquisa, entende que o modelo criado pode servir como auxílio a outros afluentes afetados e ajudar na recuperação pós-rompimento: "Esse modelo foi feito para um rio específico, mas pode ser extrapolado para os demais ambientes afetados. Isso traz informações sobre a recuperação, sobre lugares que podem receber mais esforços e, ainda, mostrar quais as consequências do rompimento, que ainda são bem visíveis e palpáveis".
A pesquisadora entende que os responsáveis pela operação de recuperação dos rios podem se beneficiar com o modelo: "Os responsáveis pelas ações de recuperação podem utilizar dos resultados dessa pesquisa para saber onde investir, colocar energia e esforços para que a gente chegue de fato na recuperação do ambiente, ou pelo menos próximo do que era".
Espera-se que a partir dos resultados da pesquisa possam ser orientadas ações e políticas de proteção, recuperação e monitoramento ambiental na região.