Criado por Patrícia Pereira em sex, 05/07/2019 - 09:53 | Editado por Patrícia Pereira há 5 anos.
O projeto de pesquisa coordenado pelo professor Marcone Jamilson Freitas Souza, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Computação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tem foco no "Problema de Localização de Mamógrafos no Brasil". O principal efeito esperado, em termos de retorno à sociedade, é a proposição de uma distribuição mais racional dos mamógrafos, de forma a apoiar os gestores de saúde na tomada de decisão com relação a novos investimentos.
O estudo, aprovado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), foi iniciado em janeiro deste ano, e é realizado em conjunto com os professores Haroldo Gambini Santos (UFOP), Janne Cavalcante Monteiro (Unir), Mailene Rodrigues Lisboa (Unir), Pedro Vasconcelos Maia do Amaral (UFMG), Puca Huachi Vaz Penna (UFOP) e Sérgio Ricardo de Souza (Cefet/MG). Consiste em localizar o conjunto de mamógrafos em determinadas regiões, assim como designar locais para serem assistidos pelos equipamentos, de forma a otimizar novos investimentos.
Resultados parciais já obtidos pelos pesquisadores através do projeto realizado em Minas Gerais mostraram que com a mesma quantidade de equipamentos disponíveis, o modelo proposto pelos pesquisadores consegue atender a 99,8% da demanda total diante da oferta atual que corresponde a 75,1% da necessidade por exames.
Outro levantamento realizado, desta vez no estado de Rondônia, mostra a efetividade da modelagem, pois indica as localizações mais adequadas para a alocação de novos mamógrafos.
Segundo Marcone, a ideia não é "redistribuir" os equipamentos, em função das políticas de implementação. Entretanto, os dados mostram o quão ruim é a alocação atual. Por causa disso, o projeto propõe avaliar a rede de oferta dos mamógrafos no Brasil e desenvolver fórmulas de programação baseadas em problemas de localização de máxima cobertura, apresentando propostas, isto é, se um novo equipamento for adquirido pela região do estudo, o projeto apontará onde ele deverá ser alocado.
A posterior extensão desse estudo objetiva a cobertura completa em todos os estados do país, de forma a apoiar os gestores de saúde na tomada de decisão com relação a novos investimentos.
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Nessas modelagens, o objetivo é decidir em quais cidades instalar os mamógrafos e quais cidades serão atendidas por esses aparelhos, respeitando-se a restrição de deslocamento máximo entre uma cidade em que está instalado um equipamento e as cidades por ele atendidas. Outro ponto considerado pelos pesquisadores são as restrições relativas à estrutura de saúde de cada cidade, já que muitos municípios brasileiros não têm infraestrutura hospitalar ou, se têm a estrutura, ela não é adequada para receber um equipamento de mamografia.
O projeto localizará também os "caminhões da mamografia", unidades móveis que realizam esses exames. Nesse caso, o problema a ser resolvido é o da roteirização dessas unidades móveis por estado. Cada unidade móvel tem uma capacidade de atendimento e tem que passar em um conjunto de localidades, cada qual com uma demanda por exames de mamografia. Ou seja, é preciso determinar a melhor rota de realização dos exames da população feminina nas localidades que estão a mais de 60 km de distância de uma unidade de mamografia.
Para Marcone, com base nos estudos realizados até agora, percebe-se que a alocação de mamógrafos para o atendimento de mulheres no Sistema de Saúde Pública (SUS) teve forte influência política. "No nosso estudo, procuraremos apresentar soluções para que haja cobertura de toda a demanda por exames de mamografia em todos os estados do Brasil. Os modelos que estamos desenvolvendo servirão de apoio aos gestores públicos para orientá-los na decisão de escolha dos melhores locais para localizar os equipamentos que porventura forem adquiridos".
O EXAME - A mamografia é usada para diagnosticar o câncer de mama. É um exame ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do qual grande parte da população brasileira tem suas necessidades de saúde atendidas. Cada equipamento é capaz de realizar anualmente 5.069 exames, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).