O livro "Updatism: understanding time and history, a theory for the 21st century" foi escrito pelos professores do Departamento de História (Dehis) da UFOP Matheus Henrique de Faria Pereira e Valdei Lopes de Araújo e lançado pela editora britânica Bloomsbury. A obra é uma versão expandida do trabalho anteriormente publicado em português pela editora MilFontes com o título "Atualismo 1.0 - como a ideia de atualização mudou o século XXI".
O livro analisa a disseminação da ideologia da atualização (atualismo) e a ansiedade gerada por essa insistência na atualização constante das pessoas e das coisas, sob o risco de serem consideradas ultrapassadas. Os autores descrevem como essa ideologia se reflete nos comportamentos das pessoas nas redes sociais, combinando a pressão por estar sempre visível com a sensação de solidão.
Além de apresentar análises de autores que nos últimos 50 anos buscaram descrever as transformações pelas quais passaram a sociedade ocidental, o livro também examina o século XIX europeu e chega à contemporaneidade, ao analisar episódios da série "Black Mirror" da Netflix, bem como os discursos em torno do impeachment da presidenta Dilma Rousseff e da pandemia de covid-19.
Os autores exploram ainda uma constatação surpreendente: o surgimento recente da utilização da palavra "atualização" em diferentes línguas ocidentais, a partir de meados da década de 1960. A partir dessa observação, questionam os significados políticos, sociais e culturais da introdução do termo e do conceito no vocabulário das sociedades contemporâneas.
Usando uma abordagem metodológica inovadora, o trabalho possibilitou o mapeamento da frequência de uso da palavra em várias línguas, bem como a descrição das formas de utilização do conceito de "atualização" em diferentes dimensões da vida cultural, como cinema, jornalismo, historiografia e até mesmo séries de TV. A partir disso, Matheus e Valdei concluem que estamos experimentando uma dinâmica temporal caracterizada pelo que eles denominam "atualismo" (updatism).
A edição em inglês inclui um capítulo inédito, no qual os autores discutem o impacto da pandemia de covid-19 no fenômeno que caracterizam como atualismo. Os autores argumentam que o ambiente de comunicação resultante da democratização da internet criou as condições para a pandemia de desinformação e fake news que a sociedade passou a vivenciar paralelamente à pandemia da covid-19.
O professor Pedro Meira Monteiro, da Universidade de Princeton, definiu o livro como "um estudo engenhoso sobre nossa relação com o tempo, com nosso próprio tempo".
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