A pesquisa "IMUNOBIOLEISH-Minas: Rede Mineira de Imunobiológicos Aplicada a Vacinas, Biofármacos e Diagnóstico para Leishmaniose Visceral" foi contemplada na chamada de nº 07/2021 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A iniciativa é coordenada pelo professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Alexandre Barbosa Reis.
A pesquisa é desenvolvida em conjunto com outras quatro instituições: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) de Minas e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O grupo é formado por nove pesquisadores principais e cerca de 20 associados. Segundo Alexandre Reis, os professores perceberam a necessidade de se ter uma rede em Minas Gerais que pesquisasse a leishmaniose, uma doença negligenciada no país.
Alexandre conta que, apesar de ser uma rede de pesquisa regional, esta é a primeira rede brasileira com foco em uma doença negligenciada. "Eu considero uma ousadia da Fapemig e um pioneirismo também financiar a nossa rede exatamente por ser uma doença negligenciada — que são aquelas esquecidas pelo governo e que tem pouco financiamento", pontua. Para o professor, é extremamente importante financiar pesquisas sobre essas doenças que acometem, principalmente, a população pobre.
O objetivo da rede é desenvolver vacinas, imunofármacos, estratégicas terapêuticas, diagnósticos, entre outros. Na UFOP, existem três projetos que ancoram a rede:
- "Imunização com proteínas quiméricas, empregando microneedles contra leishmaniose visceral em camundongos BALB/c", coordenado por Alexandre Barbosa Reis;
- "Uso de proteínas quiméricas como estratégia biofarmacológica para o tratamento da leishmaniose visceral", coordenado por Bruno Mendes Roatt;
- "Uso da imunoinformática para seleção de peptídeos de Leishmania infantum aplicáveis no diagnóstico sorológico da leishmaniose visceral", coordenado por Rodrigo Dian de Oliveira Aguiar Soares.
A Rede Minas tem o intuito de entregar quatro protótipos de vacinas para a comunidade científica. A primeira, desenvolvida na UFOP, é a polipeptídica com novos adjuvantes e aplicada por nanoagulhas. A segunda, projetada pela FioCruz, visa silenciar os genes da leishmaniose visceral. A terceira e a quarta são desenvolvidas na UFMG: uma busca desenvolver uma vacina mais ampla, que proteja também contra outras doenças, como a leishmaniose tegumentar e a doença de Chagas; e a outra é uma vacina oral que muda o genoma de bactérias que protegem o organismo da leishmaniose.
Além do desenvolvimento de imunofármacos e biofármacos, outra importante atuação da rede é o desenvolvimento de sensores capazes de diagnosticar com rapidez a doença. Esses sensores já são desenvolvidos pela UFVJM.
LEISHMANIOSE - A doença tem duas formas principais de se manifestar: a tegumentar — que se divide em cutânea, cutâneo-mucosa e difusora, caracterizada por feridas na pele que não cicatrizam — e a visceral — que é a mais grave e atinge órgãos internos (baço, fígado e medula óssea). A tegumentar, conhecida como úlcera de bauru, nariz de tapir ou ferida brava, é causada pelos protozoários Leishmania braziliensis, Leishmania guyanensis e Leishmania amazonensis. Já a leishmaniose visceral (LV), chamada também de calazar, é transmitida pelo protozoário Leishmania spp. Esses dois tipos têm como transmissor o flebótomo, conhecido como mosquito-palha ou birigui.