A reitora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Cláudia Marliére, concedeu entrevista coletiva à imprensa local na tarde da última segunda-feira (12). O convite foi para esclarecer sobre o andamento dos projetos executados pela UFOP com gestão da Fundação Educativa de Rádio e Televisão Ouro Preto (Feop) após a suspensão das atividades da entidade.
O primeiro assunto tratado foi a independência entre as duas instituições. Segundo a reitora, "A Feop foi instituída em 1993 e seu principal objetivo era o apoio às atividades fins da UFOP. Isso não quer dizer que temos qualquer nível de ingerência ou determinação em relação às atividades da Fundação". Cláudia afirmou também que, ainda assim, "o Conselho Curador da Feop compartilha a responsabilidade de aprovar e responder aos órgãos fiscalizadores sobre as contas prestadas pela Fundação".
Sobre a prestação de contas, a reitora alertou para um problema recorrente, pontuando que "a última prestação de contas realizada pela Feop foi em 2015. A dificuldade na apresentação dos dados gerou preocupação". De acordo com Cláudia, o Conselho Curador pediu prestação de contas ao então presidente da Fundação, que apresentou apenas perspectivas e análises prognósticas, mas nenhum dado contábil efetivo. "Um profissional de confiança foi indicado para acompanhar, durante um mês, a avaliação dos dados administrativos e contábeis. Obtivemos informações delicadas de que a Fundação não seria capaz de se manter por muito tempo", afirmou.
Na última reunião do Conselho Curador, na qual também estiveram presentes membros do Conselho Diretor da Feop, os conselheiros decidiram que a Fundação seria extinta. "Usamos a palavra extinção em respeito ao próprio estatuto, que prevê o termo para casos como esse", afirmou Cláudia. A reitora defende que, neste momento, "o objetivo da universidade é analisar e transferir individualmente os projetos, de acordo com o andamento e complexidade de cada um. Dessa forma é preciso negociá-los, tentando minimizar todos os impactos negativos".
Sobre o pagamento dos funcionários da Feop, a reitora esclareceu que o assunto diz respeito ao Ministério Público, ao Conselho Curador e à Justiça, porém, explicou que "primeiramente é feito o levantamento do crédito, do débito e dos projetos. Depois, o que a Fundação possui em bens é vendido para quitar as dívidas. A prioridade é sempre a quitação das dívidas trabalhistas". Cláudia informou ainda que "à medida que as ações forem avançando, as informações serão liberadas pela juíza responsável pelo processo".
Reflexo imediato na comunidade - A reitora Cláudia Marliére foi categórica ao asseverar a importância dos projetos de Rádio e Televisão e do Laboratório Piloto de Análises Clínicas (Lapac) para a comunidade local e regional. "Queremos todos os projetos que possam ser absorvidos pela Universidade e estamos trabalhando para isso", afirmou.
No caso da Rádio e da TV, os projetos continuarão com a Universidade, que vai manter o desenvolvimento de produtos educativos, permanecendo em diálogo com a comunidade de Ouro Preto e região. Já o Lapac permanece em funcionamento, mas em menor escala, por conta da redução de funcionários.