Prestar reverência ao líder negro Zumbi dos Palmares, executado no ano de 1.695, é uma forma de reconhecer a nossa própria história, que foi negada por séculos. O 20 de novembro é uma data muito importante em um país que tem mais da metade da população composta de pessoas negras (pretas e pardas).
O "Dia Nacional da Consciência Negra" foi incorporado ao calendário das instituições de ensino brasileiras por meio da Lei n. 10.639 de 2003. No contexto educacional, devemos refletir sobre outras iniciativas de reparação e de justiça social para esse segmento da sociedade, lembrando que outrora essas pessoas foram privadas de acessar este direito humano básico, que é a educação. As consequências disso são percebidas ainda hoje.
Por isso, a UFOP é sensível às políticas de ações afirmativas, refletidas na incorporação dos conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileira nos currículos e na reserva de vagas para negras e negros nos concursos públicos, cursos de graduação e de pós. Também buscamos apoiar as iniciativas internas e externas de reconhecimento dos prejuízos históricos e busca de reparação da desigualdade com os projetos e núcleos de pesquisa e extensão, bem como com eventos que ampliam o impacto das discussões acadêmicas para outros espaços.
Temos interesse especial no reconhecimento dos saberes tradicionais, que devem ser integrados de forma dialógica com o conhecimento acadêmico. Um exemplo disso é a dissertação de Eduardo Evangelista Ferreira, no Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais, que mostra a contribuição tecnológica que os negros escravizados trouxeram para o Brasil, negada por séculos. A pesquisa mostrou "a importância dos africanos no desenvolvimento e aplicação das técnicas de mineração, uma vez que a maioria dos negros sequestrados em África para os trabalhos em Minas Gerais já possuíam conhecimentos de práticas de extração do ouro".*
Assim, como outras IES, a UFOP vem observando mudanças no seu corpo docente, técnico-administrativo e discente, por meio dessas importantes iniciativas. No entanto, acreditamos que não basta assegurar o acesso, pois são necessários também investimentos no sentido de garantir condições materiais e simbólicas para a permanência.
É nesse sentido que a UFOP, ao celebrar o Dia da Consciência Negra, manifesta sua disposição para cerrar fileiras junto a aquelas e aqueles que lutam pelo combate ao racismo e pela promoção da igualdade racial.
Cláudia Marliére – Reitora
Hermínio Nalini Junior – Vice-reitor