Na última terça (26), ocorreu no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) a palestra "Vamos conversar sobre saúde mental na universidade?", com a psicóloga social, psicanalista e coordenadora da comissão de relações étnico-raciais do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Thalita Rodrigues. A iniciativa foi promovida pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) e pelo Centro Acadêmico de Pedagogia (CAPED), ambos da UFOP.
Thalita Rorigues abordou alguns estudos que apontam que o surgimento de transtornos mentais pela primeira vez pode ocorrer no meio universitário devido à mudança de cidade, solidão, cobranças e cumprimentos de prazos acadêmicos. Para a psicóloga, "a universidade tem um lugar diferenciado no adoecimento, principalmente por ser um espaço que ainda trabalha com a lógica meritocrática. É um espaço extremamente competitivo, que não está muito atento à trajetória de vida, ao que você está sentindo, pensando". Além disso, para a psicóloga, o contexto pessoal — como a desigualdade social, as condições econômicas, a presença do racismo, entre outras — também pode interferir na saúde mental dos estudantes e na forma como eles irão cursar a graduação, mas, "independentemente do que é apontado como causa do adoecimento mental, a universidade deve realizar um acolhimento responsável das universitárias e dos universitários", explica.
Para mostrar como o racismo pode afetar a saúde mental da população negra desde a infância, Thalita falou sobre as mensagens enigmáticas sobre raça, isto é, visões pejorativas enfatizadas na sociedade e disseminadas pela mídia sobre pessoas negras. Para isso, a psicóloga exibiu parte do vídeo
“Teste das bonecas e relações raciais”, no qual várias crianças negras e brancas recebem uma folha com cinco bonecas e, ao serem questionadas sobre quem são as bonecas malvadas, ruins e feias, apontam sempre as bonecas negras. De acordo com Thalita, essas mensagens enigmáticas também estão presentes no meio universitário, principalmente na forma como alunos negros são vistos, o que causa as discriminações raciais. A psicóloga ainda questionou: "Se há um sofrimento inegável, aliás, nem é inegável porque tem muita gente que discorda que a população negra sofra mais por conta do racismo, como é que a população branca está diante disso tudo? O que pode ser feito para pensar essas relações raciais? O que é comum a brancos e negros na universidade? O que há de específico?"
Lançamento de livro - Após a palestra, a mestra em Educação pela UFOP e professora de História Luana Tolentino lançou seu livro Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula. Resultado de dez anos de experiências da autora em escolas públicas de periferia de Minas Gerais, a obra visa refletir sobre a Educação e repensá-la em uma perspectiva mais humana, inclusiva e libertadora. Segundo Luana, o livro também repensa o modelo de Educação, ainda muito eurocêntrico, e propõe "outros padrões de educação, de práticas pedagógicas", explica.
Para mais informações sobre o livro, link.