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Exposição curricular de Museologia permanece aberta até sexta (23)

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Lívia Ferreira
Agô é a exposição desenvolvida por estudantes do sétimo período do curso de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O trabalho, orientado pela professora e coordenadora do curso, Priscilla Arigoni, é produto de uma análise social que busca refletir sobre a falta de representação das variadas manifestações culturais de origem afro-brasileira nos espaços institucionais de memória, os museus, em particular no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

O nome escolhido para a exposição é rico em significados. Agô é uma árvore cultuada como divindade. Seus adoradores a consideram um elo entre o centro da Terra e todo o alto do céu. O dentro e o fora, o fechado e o aberto. De alguma forma, representa a dualidade entre vida e morte. Além de árvore, Agô é parte do vocabulário yorubá e significa algo entre "licença" e "bênção". Uma forma simbólica de remeter à constante necessidade a que os falantes da língua ou seus herdeiros se veem submetidos ao pedir permissão para manifestar sua tradição pelo mundo. 
 

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Lívia Ferreira
A simbolização da árvore Agô no início da exposição
 
O recorte sócio-espacial da exposição é produto de um ano de leituras e pesquisas nos acervos de Ouro Preto. O resultado encontrado foi Mina Jeje, nome como era conhecida a região onde atualmente se encontram os países de Gana, Togo, Benin e pequena porção da Nigéria. A região foi selecionada por concentrar os domínios técnicos e tecnológicos específicos sobre a extração do ouro. Os costamineiros eram exímios mineradores, conhecedores dos princípios de engenharia, construção, forjamento de instrumentos e ferramentas, fundição de metais, entre outros.

Os povos negros da região de Mina Jeje foram violentamente trasladados para as Américas, com destino ao trabalho compulsório. Em terras brasileiras, a adaptabilidade ao território e ao meio social foi necessária e a criatividade foi instrumento de sobrevivência. Agô, então, contempla a dinâmica das manifestações e conhecimentos pulsantes do povo que ajudou a movimentar os motores da antiga Vila Rica.

Jackson dos Santos, estudante do sétimo período do curso de Museologia e membro da equipe de pesquisa que deu vida à exposição, afirma que "o negro é sempre representado no contexto de tortura e escravidão, nunca mencionado como pensante e produtor cultural, sempre como objeto do olhar subjugador do branco".

A partir dessa premissa, a turma procurou movimentos negros de Ouro Preto, como o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB), assim como pesquisadores e colecionadores que pudessem oferecer elementos para compor o corpo da exposição. Eduardo Evangelista Ferreira (Du da Mina do Veloso), Luiz Antônio Rodrigues (Chiquitão) e Ane Souz foram os nomes que emprestaram a maioria dos objetos e fotografias expostas.

Para Dayane Paes, também estudante do sétimo período do curso de Museologia e integrante da equipe que reuniu o acervo, "existe essa deficiência de objetos e aspectos culturais afro-brasileiros nos museus pela falta de cuidado e de estratégias de conservação, devido à cultura de não valorização desses bens ou, até mesmo, pela destruição proposital como forma de apagar do mapa esse histórico brasileiro, o que explica termos de preferir meios alternativos de captação desse material".
 
MINA JEJE - Por que Mina? Pela região, a Costa da Mina, colonizada por Portugal e local de extração de ouro. Jeje é um termo que significa estrangeiro.

A denominação é justificada pela própria constituição de Mina Jeje. A região foi estabelecida pela reunião de uma miríade de povos, vindos de variadas aldeias, províncias e reinos. Dessa forma, criou-se uma suposta etnia Jeje, assim como uma suposta língua Jeje. Porém, não há como afirmar com precisão quais povos ou quais variações linguísticas prevaleciam na região. O que se sabe é que existem na África quatro troncos linguísticos e que os dialetos falados na região da Costa da Mina compartilhavam o mesmo tronco, conhecido como Congo-Cordofiano.
 
A exposição está aberta para visitação até sexta (23), entre 9h e 18h, no prédio da EDTM, no campus Morro do Cruzeiro. 
 

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